Em entrevista ao Adeptos de Bancada, Cristóvão Carvalho revelou o seu plano para colocar o Benfica na senda das conquistas europeias, nomeadamente, da Liga dos Campeões.
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O candidato à presidências das águias destaca a importância de ter estabilidade na equipa e manter a aposta na formação.
Neste sentido, está apostado em promover o regresso de um jogador que considera que nunca deveria ter saído do Benfica: João Neves.
"Há um jogador que também farei de tudo para trazer para o Benfica e que foi o maior erro cometido por Rui Costa e aquele que não lhe vou perdoar nunca como benfiquista. João Neves nunca podia ter saído do Benfica e não é só por uma questão técnica mas também como ele era como homem e benfiquista. Nos próximos 30 anos não vai nascer outro como o João Neves. Ele incorporava o que era Mário Coluna, Eusébio, Simões. É aquele jogador que precisamos de ter no Benfica para que ele seja a imagem dos jovens que vêm da Academia. É o meu segundo sonho. Com um treinador, com este jogador e com a construção da equipa, nós daqui a cinco seis anos estaremos a jogar a final da Champions".
AB: No seu programa refere também que os jogadores da formação devem dar 3 ou 4 anos à equipa principal.
CC: "Nós tivemos uma boa formação. Mas neste momento há uma divergência significativa entre a formação e a entrada na equipa principal. Hoje temos muito poucos jovens na equipa principal e a equipa não tem condições para os receber. Ainda agora foram dispensados jovens que estavam na equipa principal. Isto é inadmissível numa equipa como o Benfica. O Benfica agora tem jogadores experientes mas não têm história de Benfica. Eles próprios estão a encontrar o seu espaço no clube. Não há espaço para puderem acolher os jovens. Não valorizarmos a nossa formação é um erro crasso. O Benfica tem de ter a capacidade de dar 3 a 4 jogadores da formação à equipa principal todos os anos. E o clube tem de perceber quais é que têm valor e são necessários para continuar na equipa A e quais os que não são necessários e podemos vender. Faz parte. Mas temos de guardar os melhores e isso o Benfica neste momento não tem condições. Não é possível enturmar um jogador, que cometa erros, sem ter ao lado jogadores que saibam que vão ser titulares indiscutíveis. Temos o caso de Otamendi a quem temos de reconhecer essa valia e essa segurança. Isso permite-lhe que joguem a seu lado jovens como António Silva, que o argentino ajudou a atravessar um momento menos bom, e o Tomás Araújo".
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AB: Como é que pretende blindar os jovens perante a cobiça de clubes de topo do futebol europeu?
CC: "É fácil. Isso é uma falácia que se vende: vêm aqui os tubarões e levam os nossos jogadores. Levam-nos se os jogadores da formação não souberem que têm um percurso a percorrer na equipa principal. A maior parte dos jovens, não quer sair do Benfica. Saem demasiado novos. Se um jogador chega à equipa principal do Benfica com 17/18 anos, esse jogador tem de saber que se vai valorizar no clube. Por que é que ele vai sair com 18 anos se ele pode sair aos 21 anos, dando três anos ao Benfica, com títulos e mais maduro e com contratos melhores?
Quando o jogador entra na academia, ele tem de saber que este é o percurso que ele vai ter. Ninguém sai do Benfica se estiver bem. O João Neves não queria sair. Disse que se lhe dessem metade do que ia ganhar no PSG, ele ficava. Tudo isto é fácil. Mas tem de haver toda uma mística, toda uma estrutura e os jogadores e empresários saberem que esse é o caminho. Ficando mais tempo no clube, o risco de falhar lá fora é muito menor. Se houver um ou outro jovem que seja um negócio fantástico para o Benfica, também temos de os fazer.
A narrativa é “eles saem por causa dos milhões”. Não. Saem porque o Benfica precisa de vender. Não houve nenhum clube que viesse buscar os nossos atletas a dar milhões. Nós é que os fomos oferecer e eles nunca deram a cláusula de rescisão. Foram sempre vendidos por valores muito abaixo da cláusula. Portanto essa não é a verdadeira narrativa. Nenhum tubarão veio cá comprar uma pérola como o João Neves. Nós é que o vendemos ao PSG, por isso é que pagámos comissões.
O último jogador em que um tubarão - um tubarãozinho - veio buscar ao Benfica foi o João Félix. Pagou a cláusula e mais uma penalização. Essa narrativa é para enganar os benfiquistas. Nós é que vamos oferecer as nossas pérolas a preço de saldo como foi o caso do João Neves. Além de ter sido um péssimo negócio, foi uma péssima decisão de gestão".
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AB: Consigo como vai ser a questão das comissões nas transferências, algo que é sempre polémico?
CC: "É uma questão polémica porque o Benfica quer que ela seja polémica. E interessa-lhe que ela seja polémica para atirar areia para os olhos dos sócios. As comissões são as que estão definidas no mercado. Porque é que o Benfica cria essa confusão com as comissões. Porque vendem a narrativa de que os tubarões vêm comprar os jovens. E depois o sócio pergunta: “se vem um tubarão comprar, por que é que nós estamos a pagar?”. É uma pergunta legítima. A narrativa está mal construída desde o início. Ninguém está interessado em comprar. O Benfica é que foi pedir ao empresário para vender. Se no Benfica houvesse pessoas sérias e honestas explicavam aos sócios. A venda do João Félix, alguém discutiu comissões? Não. Ninguém pagou comissões porque o Atlético de Madrid veio comprá-lo. Quem o comprou é que pagou ao empresário. Com o João Neves já se levanta esse problema. Por que é que pagámos comissões tão grandes nesse negócio? Porque pedimos a alguém para o vender. Isto é que tem de ser explicado aos sócios. A minha relação com os empresários será com total transparência".
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